quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fluir da Vida



O fluir da vida é insconstante como as grandes marés. Na ressaca, segure no timão com alegria e percepção. Ciente de que a outra ponta da dualidade não o aguarda em vão.


Instrutor Fábio Euksuzian



Durante a vida, inúmeras vezes o inesperado acontece. Algo precioso é tirado de nós, e sofremos, na intensidade proporcional ao apego e emoção que se encontravam presos ao que foi perdido. Seja este objeto uma pessoa, um relacionamento, um emprego.

Boa parte deste sofrimento reside na experiência do apego, ou das expectativas construídas, criadas, e alimentadas, que de um dia para o outro, se esvanecem. E somos obrigados a nos reinventar, a mudar.
Em determinados momentos não conseguimos enxergar uma solução, ou uma luz ao fim do túnel, o que segundo os especialistas, é um dos sinais preliminares de uma possível depressão.
Porém, estes são os momentos, quando olhamos para trás, em que a vida mais nos ensina. Pois sobrevivemos, e vivemos, e nada mais é igual. Tornamo-nos mais fortes, aprendemos lições. Pessoas, acima de tudo, com mais humanidade. Com certeza muito mais humanidade do que nos momentos de torpor eufórico em que um dia atropela o outro, e atropela a essência, e atropela o viver, o sentir e o refletir.

No momento em que estamos vivendo esta drástica mudança, porém, devemos fazer um esforço, e usar toda a nossa consciência diferenciada e trabalhada. Mantendo em vista o cenário mais amplo. Lembrando-nos da essência, do púrusha.
A nossa essência mais sutil, que sempre foi e sempre será. Nosso diamante lapidado. Independente do que vivemos, o púrusha permanece, o púrusha é imutável. O púrusha, desta forma, não sofre. Quem sofre é o nosso ego, a partir de todos os seus comprometimentos e sua complexidade.
Aproximando-nos do púrusha, encontramos o contentamento inerte à vida, a serenidade do ser que existe sobre toda a cognição. E assim, podemos estar tristes, mas a felicidade permanece. Encontramos o contentamento, o contentamento natural. Entendemos que este momento, como todos, também passará. E novamente seremos e estaremos felizes e contentes, até o próximo ciclo de grandes aprendizados e mudanças.
Pouco a pouco, então, se não há mais o que fazer ou como lutar, substituímos a dor da perda pela assimilação das características que amávamos no objeto perdido. Incorporamos todos os momentos, todos os registros, como os melhores possíveis. E desta forma, nos tornamos mais completos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário