quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Árvore da Barriga


E eis que, após algum tempo no exílio de mim mesma,
Volto para casa.
Corpo, ossos, pensamentos, rotina.

Alguns meses digerindo sementes,
E nasce a planta na barriga.

Ainda um broto, mas já projeto.
Uma árvore linda, majestosa, plena em si.


Que balança ao vento,
Pela no outono, seca no inverno e renova na primavera.
Sólida. Forte.

Carregando em cada molécula a essência da vida.
Assim, inexplicavelmente.
Inevitavelmente.
Num dia como outro qualquer,
Algo bem dentro se apruma.

E a confiança volta a reinar.
Uma brisa quente do verão traz a certeza,
De que o caminho cedo ou tarde, se apresentará,

E para isso, todos os ouvidos devem estar bem atentos...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Lapidando a pedra bruta

Dia após dia, sem que percebamos, estamos mudando. Usamos, mesmo não querendo, nosso poder de transformação constante e incessantemente.
Se pararmos para pensar, a cada segundo, o planeta não é mais o mesmo. Alterações climáticas acontecem, a atmosfera está em constante transformação. A cada dia o horário do pôr-do-sol é alterado.
Enquanto você lê este texto, milhões e milhões de estrelas e planetas em diversas galáxias movimentam-se alterando a harmonia do Universo. Perto desta grandeza, não somos mais do que a pata de uma formiga minúscula, com sua vida infimamente curta e limitada.
Assim, ao invés de assistir a vida passar, existe a possibilidade de explorarmos ainda mais o nosso potencial de transformação. Há quanto tempo você parou para pensar na sua vida, e na sua rotina diária?
Em todo o seu dia, dentro de tudo o que você produz, o que de fato possui a sua verdade, é gerado da sua mais profunda essência? O que te fez passar por momentos sublimes?
Há um movimento natural, que vem da nossa força interior, de, com o passar dos anos, naturalmente nos dirigirmos a estarmos no mundo de forma cada vez mais autêntica. Porém, este poder pode ser extremamente potencializado através da nossa intenção para que tal fenômeno ocorra.
Este caminho gera uma realização cada vez mais profunda, e intensa, e acompanha uma felicidade inerte ao próprio ser, cada dia mais sentida, com o aguçamento da sensibilidade.
Seguindo esta trilha, cada gesto, cada palavra, cada ação, torna-se mais fiel à essência. Cada produção uma expressão de arte: a arte da essência. E assim, tudo ao redor torna-se mais bonito. A voz, as palavras, os toques, a aparência, o olhar. As decisões tornam-se cada vez mais fluidas, as emoções mais sutis, as pessoas ao redor cada vez mais incríveis.
E os momentos cada vez mais sublimes. E assim, incrivelmente, vivendo mais intensamente, rejuvenescemos. Os anos se passam, e a energia torna-se mais sutil. Ao invés de apagar, acendemos, brilhamos, ganhamos mais energia, e mais força.
E assim lapidamos cada vez mais a pedra bruta, em direção ao mais translúcido diamante.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Contemplação

Há sempre aqueles momentos, aqueles preciosos momentos,
Em que queremos somente observar a vida.

Sentar em uma cadeira de balanço e verificar o movimento da rua.
Tomar um café em um lugar bem gostoso na esquina,



Sorvendo cada gole como se fosse a primeira vez.
Olhar fixo no horizonte, na espera de alguma grandiosidade.

A cabeça tão cheia de idéias, que quase não se nota que está sozinho. Na verdade... Não está..

Momentos introspectivos, guardam a lua no ventre. Preenchem-se do sol do dia.
Dos rostos, dos dizeres, dos estudos, das experiências.
Das artes. De todas as formas de arte. E como amam a arte!

E como uma gestação, criam bem dentro uma experiência. Uma mudança, uma produção.
Que não se sabe bem o que é na sua fase de desenvolvimento.

Sente-se um inchaço, uma mudança no metabolismo,
Na forma de absorver e digerir o mundo.
Fica-se esquisito por algum tempo. Um bom tempo, talvez. Sem que se reconheça.

Mas carregando dentro de si a serenidade de quem sabe. De quem sabe muito bem. Das coisas do mundo, do céu e da terra.

E assim, nada se pode fazer. Há de se esperar. De cuidar do processo. Observar os sinais. Verificar as mudanças. Na espera de que, tal como a lagarta gera a borboleta, em um breve dia, tudo fará perfeito sentido novamente.

Visto de uma percepção que antes não se podia alcançar...