Há os que buscam a felicidade em acontecimentos alheios, que deles não dependem coisa alguma. Neste caso, a felicidade encontra-se no futuro, já que no presente, algo falta para que estejam felizes.
Outras pessoas dizem-se sempre felizes, incrivelmente. Quando suas feições e gestos contradizem as palavras.
Mas, afinal, porque temos que classificar um momento como feliz, ou infeliz? Observemos as Estações do ano, por exemplo: no verão, faz calor, chove muito, as frutas são abundantes. Na primavera, o tempo é agradável, as árvores estão carregadas e floridas, de um verde intenso. No outono, as folhas se avermelham, o clima fica mais ameno, a luz do dia, mais diferente, e o tempo fica mais seco. No inverno, as árvores estão sem folhas, o orvalho mais intenso, o calor do sol completamente diferente.
Se nos identificarmos mais fortemente com a natureza, observando seus ciclos, percebendo sua impermanência, entendemos que não há tal coisa como a felicidade. Cada fase possui sua beleza, sua verdade. Felicidade pressupõe um julgamento, partindo do ponto de vista limitado de um momento, que é nada mais que uma parte ínfima da vida.
Entendendo os ciclos da vida, temos um olhar menos limitado de nossa realidade. Como se subíssemos em um banquinho e olhássemos mais a frente, na linha do tempo e espaço. Hoje, algo que gere sofrimento pode nos acontecer. Porém, algum tempo depois, este mesmo acontecimento pode ter influenciado outros que levem à uma felicidade extrema. Perdas e realizações fazem parte deste movimento contínuo, intenso e maravilhoso que é a vida.
Da mesma forma, um momento de muitas conquistas, vai necessariamente passar, ou diminuir seu ritmo. Se nos desapegarmos dos estados que proporcionam muita felicidade ou muita dor, a transição para o momento próximo será mais fácil e melhor aproveitada.
Imaginemos quantas emoções e vivências enriquecedoras deixamos de viver, nos apegando a algo do passado? Quanta energia não foi despediçada com ilusões?
Observar e viver a vida, respeitando seus ciclos, não quer dizer, porém, abandonar-se ao "destino", como se ele estivesse alheio ao indivíduo. Significa tomar decisões de acordo com as metas que traçou para si, e de acordo com o próprio caráter, todos os dias, e todos os momentos. E, seguindo assim, lidar de forma mais consciente e menos emocional com os acontecimentos imprevistos desta caminhada.
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