Durante a vida, destaca-se a necessidade de falar bem, em público e em abordagens mais pessoais. De fato, portar-se bem na presença de outros, ter a capacidade de envolver o interlocutor, transmitir sua mensagem de maneira eficaz, assertiva e elegante, é uma dádiva. Em todas as situações.
Porém, não é tão comumente destacado outro dom ainda mais importante e sensível: o de saber ouvir. Observa-se em muitas reuniões e conversas, uma série de "desencontros" de comunicação, que poderiam ser eliminados se uma ou as duas partes soubessem ouvir. Estes desencontros geram discussões, atitudes agressivas, e desperdiçam uma grande quantidade de energia.
Você já presenciou ou vivenciou, por exemplo, uma discussão, em que uma das partes não escuta a outra, ou pior, as duas não escutam? Trata-se, na verdade, de dois monólogos, e não um diálogo, pois nenhum dos interlocutores teve interesse ou sucesso em alcançar o outro. Cada um argumentou consigo mesmo, ferido em seu ego, mas sem a verdadeira intenção de resolver o conflito.
A capacidade de ouvir está diretamente relacionada com o interesse no outro.
Você já se encontrou em uma situação em que sai com um amigo íntimo, para contar um evento muito importante de sua vida, mas, no início do jantar, ele inicia estórias infindáveis sobre a sua própria vida, ou a dos outros, e você subitamente se arrepende de ter marcado o "encontro"? Ou lembra-se de oportunidades em que você mesmo fez isso com alguém?
Em situações de conflito, saber ouvir é especialmente importante. Só se resolve uma situação de divergência de opiniões se as partes desejarem realmente resolver o impasse. E, resolve-se o impasse ouvindo a opinião alheia. Porém, realmente ouvindo a opinião alheia, e não precipitando-se em conclusões próprias que muitas vezes mostram-se equivocadas.
E, finalmente, saber ouvir, em todos estes aspectos, não contempla somente palavras ditas, ou escritas. A verdadeira arte de ouvir está em observar as sutilezas das atitudes das pessoas. Especialmente as de nossa convivência. Conhecendo verdadeiramente alguém com quem convivemos, podemos perceber cada sutil mudança em seu comportamento, e o que significa. E assim podemos reagir da melhor forma.
Percebendo que uma pessoa que amamos está chateada, ainda que não diga nada, que tenhamos uma atitude para alegrá-la, ao invés de solicitarmos atenção para nós. Este pequeno gesto de atenção, se cultivado durante a relação, é um enorme gesto de zelo e cuidado.
Em última instância, conhecendo as atitudes de alguém, entende-se muito mais do que suas palavras: suas motivações, suas intenções, seus desejos, seu modo de ver o mundo. Desapega-se de ilusões, e chega-se mais próximo à natureza das pessoas. Imagine portanto, as consequências de um líder que não consiga ouvir sua equipe? De uma empresa que não sabe escutar seus clientes?
Ouvir bem é uma característica que exige sensibilidade e delicadeza. Porém, ganha-se muito com a prática e auto-estudo. Podemos apromirar nossa escuta, inserindo-a cada vez mais em nosso cotidiano. Ouvindo cada vez melhor, e buscando perceber principalmente: o que as palavras não são capazes de reproduzir.
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