sábado, 18 de julho de 2009

A arte de educar

Na tradição oriental antiga, valoriza-se muito cada segundo ao lado daquele que ensina. No caso específico do Yôga, os ensinamentos mais valorosos e importantes são transmitidos através do parampará, transmissão oral do conhecimento.

Este conhecimento é passado verbalmente, porém, não em uma sala de prática, somente. Mas em outras ocasiões, como em uma confraternização, uma noite de trabalho, uma viagem de carro, ou inúmeros outros. Assim, o aluno que deseja aprofundar-se crescentemente na matéria, sabe valorizar a presença do instrutor, bem como o instrutor valoriza enormemente estar junto ao seu monitor, e supervisor.

Outro importante fator para que isso ocorra é que, uma vez que o aluno percebe o tempo e energia que seu orientador lhe dedica transmitindo sabedoria, em ocasiões que por vezes parecem muito corriqueiras, nasce um profundo respeito e carinho por ele. E com isso, um grande zelo. Este importante laço de respeito e carinho que se cria entre aluno e educador é a base de todo o trabalho evolutivo do aluno, e também daquele que ensina.

Já na tradição ocidental, atualmente, também é possível transcender o ensino meramente técnico do professor de alguma matéria, ou a gestão meramente voltada a resultados em uma empresa (sim, porque o gestor em uma empresa é, também, um educador). Nos dois casos, uma boa parte dos educadores preocupam-se somente com resultados gerais, e enxergam seus alunos ou funcionários como peças de um quebra-cabeças: da atual situação.

Porém, há casos em que esta relação consegue ser transcendida. Eu tive a sorte de, na minha carreira em empresas, ter tido gestores que me viram como pessoa, e me orientaram para a vida, atravessando uma visão de curto alcance e as barreiras do tempo atual. Foram pessoas cujo zelo pelo meu desenvolvimento pessoal e profissional se expressou principalmente fora das salas de reuniões. E como consequência, conseguiram a minha lealdade, e viraram minhas referências. Este cuidado possui raízes muito mais profundas em nossa essência, ao contrário das relações meramente efêmeras, que encontramos às pencas por aí.

Para que tal orientação sincera ocorra, porém, é preciso que o funcionário enxergue o chefe como alguém que possua mais conhecimento ou maior experiência. Se assim o fizer, será mais receptivo a desenvolver-se. Um dos problemas que enfrentamos na sociedade atual é o incentivo ao questionamento, por todas as hierarquias. Claro que inquietações levam à produtividade e quebra de paradigmas, porém, desde que sejam construtivos. Há pessoas que questionam somente com o objetivo de opor-se à idéia de um líder, e este se sente como dirigindo uma moto com um garupa que faz peso sempre na direção oposta, durante as curvas. E assim, perdem a maravilhosa oportunidade de serem bem liderados.

Fica para todos nós então, a tarefa de auto-estudo de como temos sido: como alunos, funcionários e chefes. E em todos estes casos, como estamos nos entregando à função: superficialmente, com o coração, com a intuição? Quanto precisamos caminhar, para sentir que estamos mais próximos de nossa melhor dedicação e envolvimento?

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